segunda-feira, agosto 05, 2013

John Zorn: o individual e o colectivo

* ELECTRIC MASADA / John Zorn
> Domingo, 04 Ago 2013, 21:30 - Anfiteatro ao Ar Livre

[ A paixão do caos ]  [ A forma e o disforme ]

Depois do romantismo agreste de The Dreamers e das digressões audiovisuais de Essential Cinema, John Zorn (+ os seus sete músicos) encerrou a sua participação no Jazz em Agosto com o colectivo Electric Masada, uma combinação de inspirações que vêm de Miles Davis e Ornette Coleman. Ou ainda, como recorda Nuno Catarino no programa, uma aventura de muitas influências e contrastes que o próprio Zorn gosta de apelidar "música judaica radical".
A marca mais imediata da identidade do colectivo estará na sua muito significativa estrutura de percussão: Kenny Wollesen, Joey Baron e Cyro Baptista, os dois primeiros em bateria, o terceiro sempre exuberante na sua panóplia de tambores e objectos mais ou menos ruidosos, funcionam como uma espécie de conjunto-dentro-do-conjunto, a ponto de Zorn concentrar neles a maior parte das suas indicações. Claro que, para além do saxofone de Zorn, os sempre excelentes Marc Ribot (guitarra eléctrica) e Jamie Saft (teclados) asseguram as principais digressões, ao mesmo tempo que Trevor Dunn (baixo) e Ikue Mori (electrónicas) definem um pano de fundo que, em qualquer momento, pode assumir algum protagonismo. Ainda assim, o trio da percussão como que assegura o desenho dos espaços que, em última análise, vão conferir unidade e consistência a todos os elementos da performance. Daí a moral desta música envolvente: quanto mais conhecemos as singularidades individuais, mais nos espantamos com a energia e a sensualidade do colectivo.

>>> Electric Masada num concerto muito recente, no North Sea Jazz (Roterdão).